DEFESAS
RESUMO

 

 

Dissertação completa - Arquivo PDF

 

MULHERES EM CONFLITO COM A LEI: REPRESENTAÇÕES SOCIAIS,

IDENTIDADES DE GÊNERO E LETRAMENTO

 

Erika Patricia Teixeira de Oliveira

erikapto@yahoo.com.br

 

Esta pesquisa investiga as representações sociais de gênero apresentadas por mulheres encarceradas em um presídio feminino e as identidades sociais constituídas neste contexto específico de aprisionamento. A partir desta investigação, este estudo reflete sobre possíveis formas de trabalho com a escrita, que, de fato, possam contribuir com a reinserção dessas mulheres na sociedade. A perspectiva teórica adotada fundamenta-se na Teoria das Representações Sociais (MOSCOVICI, 1981; JODELET, 2001), nos estudos sobre Identidade Social (HALL, 2000, 2007; SILVA, 2007; MOITA LOPES, 2002), Gênero Social (LOURO, 1998) e Letramento (KLEIMAN, 1995; SIGNORINI, 1995, TFOUNI, 1995). Através de um viés qualitativo interpretativo do tipo etnográfico (MAISON, 1996; ERICKSON, 1989; TRIVIÑOS, 1987), buscamos enfocar a visão êmica das participantes; por isso, os dados que constituem o corpus são provenientes da técnica de triangulação de dados, a partir da qual se privilegiou a entrevista semi-estruturada e a observação de campo. As análises demonstram que, por um lado, as participantes da pesquisa revelam representações sociais hegemônicas acerca do gênero feminino, sociedade e escrita, por outro, elas estão re-significando algumas representações, como de presa, de prisão e de tempo, a partir da sua inserção na cultura prisional. Através de suas representações, é possível identificar identidades negociadas, desejadas e/ou negadas por elas, até mesmo possíveis conflitos de identidade gerados pela relação com suas realidades e culturas marcadas, por serem de classe baixa, oriundas de famílias desestruturadas, com pouca escolaridade e marcadas pelo estigma de presidiárias. A análise demonstrou também que as representações e identidades reconstruídas neste ambiente prisional, principalmente as representações de prisão e sociedade, reforçam a construção de estigmas que contribuem para a reincidência prisional. Concluímos que a prisão deve ser repensada como um espaço para a aplicação da inclusão, reabilitação e reinserção social através de projetos nos quais a escrita também possa ser incluída, pois os dados apontam que a escrita adquiriu uma função de libertação para algumas dessas mulheres. Acreditamos que, a partir de uma concepção de letramento em termos de prática e eventos sociais, podem ser desenvolvidas atividades de leitura e escrita voltadas às representações dessas mulheres e aos conflitos de identidade pelos quais estão passando. Por outro lado, seria interessante também pensar em programas que privilegiassem a profissionalização das mulheres, a fim de que elas pudessem pleitear posteriormente um trabalho na sociedade e serem reinseridas social e dignamente.

 

Palavras-chave: representação social; identidade; letramento; mulheres encarceradas.