DEFESAS
RESUMO

 

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A RESSIGNIFICAÇÃO DO SIMBÓLICO EM 1984, DE GEORGE ORWELL: UMA LEITURA MATERIALISTA LACANIANA

Érica Fernandes Alves

efalves@uem.br

 

RESUMO: Esta pesquisa tem como foco o romance 1984, de George Orwell sob o viés do Materialismo Lacaniano. Diversas leituras já foram realizadas sobre a obra, discutindo os aspectos políticos, sociais e estéticos, porém, essa pesquisa pretende lançar um olhar que perpassa por tais abordagens e se fundamenta na interpretação žižekiana de alguns conceitos psicanalíticos do francês Jacques Lacan, os quais garantem uma interpretação inédita, esclarecedora de alguns aspectos da obra. Esse novo olhar permite ao leitor observar a obra por um prisma inusitado, ao mesmo tempo em que traz à luz uma perspectiva diferenciada daquelas comuns à obra orwelliana. O objetivo desse trabalho é analisar de que modo o partido totalitário da obra, o Socing, perpetra sua tentativa de manipular o Simbólico da sociedade do romance 1984, por meio da criação de um falso grande Outro, representado pelo personagem emblemático Grande Irmão, bem como mostrar de que modo essa tentativa falha. Para tal, elencamos a fortuna literária do autor, bem como a influência do pensamento político em suas obras, conceitos sedimentados sobre a política totalitária da primeira metade do século XX desenvolvidos por Arendt (1989) e Friedrich & Brzezinski (1963) que se aplicam ao texto literário em análise, tendo em vista que o texto literário aborda, sob uma perspectiva ainda que distópica, os perigos das políticas totalitárias para a sociedade no futuro e os associamos a diversos conceitos apropriados de Lacan pelo Materialismo Lacaniano, mais especificamente, pelo filósofo esloveno, Slavoj Žižek,  a saber: a tríade Real, Simbólico e Imaginário, o grande Outro, o sujeito suposto saber, dentre outros que podem ser observados na obra. Os resultados obtidos indicam que o partido totalitário da obra se empenha em manipular o Simbólico a fim de manter-se soberano e evitar questionamentos sobre seus procedimentos, enquanto o Grande Irmão falha em sua representação do grande Outro justamente por defender interesses partidários. Por outro lado, o Grande Irmão é bem-sucedido naquilo que se propõe a realizar: o controle totalitário da sociedade. Os resultados refletem, ainda, os perigos iminentes advindos de uma política totalitária que exclui a individualidade dos sujeitos e como a manipulação do Simbólico contribui para o esfacelamento da constituição do sujeito perante a sociedade.

 

Palavras-Chave: Simbólico; grande Outro; Totalitarismo

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