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RESUMO

 

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O EFEITO DE COPRESENÇA LULA-DILMA NO DISCURSO POLÍTICO-MIDIÁTICO: UMA LEITURA DAS ELEIÇÕES PRESIDENCIAIS DE 2010

 

Elaine de Moraes Santos

proflainemoraes@gmail.com

 

Em continuidade às nossas pesquisas anteriores, percebemos a necessidade de investigar, sob a perspectiva da Análise do Discurso (AD) de linha francesa, as transformações que configuram não a utilização do corpo político empírico, mas a corporeidade, isto é, a sua discursivização, tal como ela é engendrada nas páginas da mídia impressa. Para nossa reflexão teórico-analítica a respeito dessa discursivização, tomamos como cenário a forma como a relação Lula-Dilma foi materializada nos fios discursivos dos semanários brasileiros de atualidades durante um panorama marcadamente histórico no Brasil: as eleições de 2010. Na maioria dos ditos e escritos da imprensa brasileira desse período, o retrato do perfil político de Dilma Rousseff foi traçado de forma articulada à constante recuperação da figura pública de Luiz Inácio Lula da Silva como condição essencial ao desempenho da candidata do PT na disputa presidencial. Da análise das condições de possibilidade do pleito, nossa hipótese foi a de que as práticas discursivas dos semanários focalizaram metamorfoses que o corpo da petista teria sofrido para figurar como representante de seu antecessor, produzindo um policorpo (termo que propomos nesta tese), o qual foi potencializado pela dizibilidade de mecanismos tecnológicos imateriais e inumanos, mas perspicazes na produção de um efeito de copresença dos dois sujeitos políticos. A partir dessa hipótese, lançamos as seguintes perguntas de pesquisa: a) como dispor dos dispositivos teórico-metodológicos da AD para analisar a corporeidade da candidata? e b) como a relação Lula-Dilma foi discursivizada nas práticas discursivas dos semanários? Orientados por essas perguntas, estabelecemos como objetivo geral analisar a produção de um efeito de copresença Lula-Dilma no arquivo das eleições presidenciais. Para atendermos a esse propósito, nossos objetivos específicos foram: a) discutir as condições de emergência de um discurso político-midiático que erige sobre a política da espetacularização; b) refletir sobre como o corpo se torna objeto de estudo da AD, primando pela análise da corporeidade; c) analisar como os signos verbais e não verbais, juntos ou separadamente, produziram um efeito de copresença. A fim de viabilizar o processo analítico, constituímos um arquivo formado pelas 208 edições dos semanários CartaCapital, Época, IstoÉ e Veja, publicados no Brasil em 2010. Dentro do quadro teórico adotado, cujos fundamentos baseiam-se principalmente na obra de Michel Foucault, nosso mergulho na historicidade do arquivo nos levou à proposição de duas categorias interligadas: o policorpo e o efeito discursivo de copresença. Oriundos da utilização dessas categorias, os resultados mostram que, no enquadramento midiático dos petistas, produziu-se um policorpo, o qual favoreceu a produção de um efeito de copresença em duas orientações distintas. Na primeira, nas revistas Época, IstoÉ e Veja, descaracteriza-se a imagem política da presidenciável, ao acusar Lula e o PT de promoverem campanha antecipada para Dilma e de tentarem construir uma candidata-corpo digerível para o eleitorado. Na segunda orientação, criada unicamente na CartaCapital, o efeito de copresença ressalta a relevância da parceria Dilma e Lula na continuidade de uma política bem-sucedida no país.

Palavras-chave: eleições presidenciais; discurso político-midiático; policorpo; corporeidade; copresença; agendamento; enquadramento.