|
RESUMO |
AS ASTÚCIAS DA FUNÇÃO-AUTOR NO DISCURSO JORNALÍSTICO: UMA ANÁLISE DA POSIÇÃO DE UM JORNAL PARANAENSE SOBRE AS COTAS
Éderson José de Lima
A presente dissertação tem como objetivo geral explicitar o trabalho da função-autor jornalista, sob um olhar discursivo, em textos da mídia impressa sobre a temática das “cotas universitárias para negros”. Partimos do pressuposto de que todo discurso apresenta uma função-autor, que entendemos como elemento coercitivo, responsável pela organização e construção do texto. Esta joga com campos ideológicos inserindo lugares de subjetividades, de modo a veicular aquilo que pode e deve ser dito em determinadas condições sócio-históricas. Sendo assim, entendemos que esse trabalho coercitivo da função-autor delimita o que deve ser posto em ação na construção do texto, escolhendo para quem deve dar-se voz, ou seja, ela é responsável pelas escolhas dos lugares discursivos. Portanto, duas perguntas-problema nortearam nossa pesquisa: a quem a função-autor deu voz e, neste trabalho em definir as fronteiras interdiscursivas, o que se disse sobre a temática das cotas e os efeitos de sentidos decorrentes. A partir deste levantamento dos lugares discursivos, partimos para o objetivo mais específico de nossa pesquisa que é mostrar como a função-autor se subjetiva assumindo uma posição sobre as cotas. Como suporte teórico, mobilizamos os conceitos da Análise de Discurso de corrente francesa. A escolha da temática em explicitar o trabalho da função-autor em textos jornalísticos deve-se, em grande parte, à “curiosidade” científica em saber como se comporta o autor na construção do texto jornalístico, mobilizando lugares discursivos em uma temática tão polêmica como as cotas na contemporaneidade. A estrutura composicional de nosso trabalho de pesquisa se apresenta dividida em cinco capítulos dentre os quais dois são analíticos. O corpus de análise é composto por textos que tratam da temática das cotas para negros no jornal Gazeta do Povo, do Estado do Paraná, em dois períodos políticos: de 2000 a 2002, o qual denominamos de período Fernando Henrique Cardoso e o segundo momento de 2004 a início de 2005, entendido como período Lula. Procurando explicitar em forma de gestos de leitura como acontece este trabalho coercitivo da função-autor, em um primeiro momento analítico, optamos por uma análise partindo de um corpus empírico, no qual buscamos realizar uma análise interdiscursiva, levantando os lugares discursivos postos em ação pela função-autor sobre as cotas. Já em um segundo momento, optamos por uma análise partindo de um corpus analítico em particular, no qual realizamos uma análise mais apurada em um único texto que compunha o arquivo de análise, com o objetivo principal de apontar a posição-sujeito assumida por parte da função-autor sobre a temática das cotas. Destes capítulos analíticos, deferimos algumas idéias de ordem interpretativa deste trabalho coercitivo da função-autor, que nos levaram à compreensão de que a mobilização de determinados lugares discursivos é uma maneira sutil de posicionar-se discursivamente e este trabalho se manifesta no jogo entre os elementos lingüísticos que constituem o texto, os quais nos ajudam a compreender o fato lingüístico enquanto discurso.
Palavras-chave: Função-autor; cotas universitárias; discurso jornalístico.
|