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RESUMO

 

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O JOGO DO SIMBÓLICO E IMAGINÁRIO DA MORTE E SEUS SIGNIFICADOS EM AS INTERMITÊNCIAS DA MORTE, DE JOSÉ SARAMAGO

Diana Milena Heck

diana.heck@hotmail.com

 

Morte, palavra praticamente interdita no Ocidente contemporâneo, possui um histórico de muitas mudanças ao longo dos séculos. Hoje é tabu (a experiência contemporânea no Ocidente é negar a morte e, na condolência, expressar a "ausência de palavras" para falar do assunto), mas nem sempre foi assim. Estudos dizem que a morte já foi aceita e tratada como algo normal entre os seres humanos, mas, conforme a Modernidade se aproximava, maior era o medo e o afastamento desse acontecimento biológico ao qual todo ser vivo está fadado. Mesmo sendo um assunto silenciado, é impossível não encontrá-lo representado em vários âmbitos das Artes, como, por exemplo, na Literatura, dentro da qual se inscreve o objeto de análise deste trabalho, As intermitências da morte, romance de José Saramago. Nessa obra, o autor procurou representar e retratar a morte como um “ser” atuando em seu próprio papel ou função e, a seguir, realizando uma greve, dando aos seres humanos a experiência surpreendentemente amarga da eternidade. Para compreender as fases e formas que a morte assume no romance, além de investigar se Saramago a configurou como uma personagem boa, realizando um movimento contra ideológico, ou se o autor, fruto de seu tempo, também compartilha a opinião de que a morte não pode assumir outra forma, senão a da "vilã", tomamos emprestados conceitos da linha teórica do materialismo lacaniano, como a tríade lacaniana das instâncias do Real, Simbólico e Imaginário, dentre as quais foram observadas mais a fundo o Simbólico e Imaginário, para entender como o autor do romance brinca com os aspectos simbólicos da morte e como a imagem desta se transforma no imaginário. Além destes três conceitos, fundamentais para a compreensão do sujeito no mundo, foram utilizados outros do mesmo viés teórico, como o da vida “entre duas mortes”, que serviu para observar como ocorre a relação simultânea de vida/morte das personagens moribundas e a ideia de “excesso excrementício”, que lançou luz sobre o tratamento dado a essas personagens. O título marxista de um livro de Žižek, “primeiro como tragédia, depois como farsa”, também foi utilizado para explicar as duas greves que a morte instaura no país, sendo que a “ausência como fator determinante” foi comentada com vistas a complementar a ideia da greve. Outras noções do materialismo lacaniano também foram utilizadas, mas sempre com o intuito de complementar um conceito já citado ou enfatizar outras ideias da análise. Além da já mencionada, outras linhas teóricas também foram visitadas para fundamentar o trabalho, principalmente relacionadas à filosofia, teoria literária e aspectos particulares da história e cultura da morte, importantes para a construção da análise que visa objetivar a morte e suas representações na obra literária, bem como na vida real.

 

Palavras-Chave: Materialismo lacaniano; Morte; José Saramago

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