A CONSTRUÇÃO DO DISCURSO NARRATIVO NO LIVRO DIDÁTICO,
EM SALA DE AULA: UMA REALIDADE

Débora Cavalcante Belz

Esta dissertação teve como objetivo refletir sobre a construção do discurso narrativo do livro didático, e refletir sobre o significado desse processo em sala de aula. O tema pareceu-me pertinente devido as reclamações dos professores de que os alunos chegam ao ensino médio, apresentando problemas na organização cognitiva dos textos narrativos. Além da dificuldade anterior, o tema se justifica pelo fato de dos professores, a maioria, seguirem rigorosamente os manuais didáticos.
Portanto, nossas questões de pesquisa foram: (a) investigar como é o processo do trabalho com a narrativa do livro didático ALP- Análise, Linguagem e Pensamento-7ª série; (b) investigar qual a realidade e o impacto desse processo dentro de sala de aula, para professor e alunos.
Para responder a essas questões, coletamos dados durante os meses de fevereiro, março e abril de1999, em uma turma de 7ª série, de um colégio Estadual da região de Maringá. Os dados foram obtidos em visitas regulares ao colégio (23horas-aula), através do registro em áudio e vídeo, de questionários para professor e alunos, entrevistas, participação em alguns momentos de leitura das atividades de das tarefas de casa e, principalmente, através das anotações e observações particulares. Aplicamos também, questionários para professora e alunos de um colégio interno particular da região de Ivatuba, para confrontarmos as respostas.
Analisando os dados, percebemos que, o livro ALP cumpre satisfatoriamente o papel de ensinar o discurso narrativo, apresentando textos e atividades sistematizadas em torno do gênero em questão. Observamos que, na maior parte das aulas não ocorre interação entre professora e alunos, prejudicando muito o processo ensino-aprendizagem proposto pelo livro. Este, apesar de criar situações favoráveis para o trabalho com a narrativa, não envolve os alunos. Nesse processo, notamos que a professora não contribui com comentários, informações extras (não contidas no ALP), ou seja, não realiza intervenções no sentido de promover os recursos específicos usados na construção do gênero narrativo.
Através da análise do ALP e dos dados coletados, este trabalho pretende contribuir para uma melhor compreensão de como podem ser as aulas do discurso narrativo, além de apontar para a necessidade de um maior compromisso dos pais, professores e direção escolar em torno da postura dos alunos em sala de aula.