DEFESAS
RESUMO

 

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A REPRESENTAÇÃO DA IMAGEM COMO REVELAÇÃO LÍRICA NAS ODES DE RICARDO REIS

PENHA, Danielle Cristina Pereira

gimaridani@hotmail.com

As pesquisas sobre a imagem relacionada ao texto tornam-se cada vez mais relevantes para os estudos literários. A força da representação que a imagem possui coopera com a interpretação do texto e, também, reforça o tema no momento de sua produção. Ricardo Reis, heterônimo de Fernando Pessoa, reafirma seu caráter de poeta epicurista e estóico por meio do jogo que faz com as palavras, criando imagens representativas de sua cultura clássica. Reis é um homem do século XX, embora o seu caráter pagão reafirme o ressentimento e o sofrimento diante da transitoriedade da vida. Drama do homem de sempre, registra em seus poemas a influência dos clássicos, como Horácio (68-8 a.C.), sobretudo, das Odes, da Epístola aos Pisões e a Arte Poética tanto no nível de expressão como do conteúdo. Tal como o poeta latino, as Odes de Ricardo Reis também sugerem a felicidade no sossego do campo (aurea mediocritas), criando imagens da natureza como cenário, constituindo-se em um recurso fundamental à manifestação lírica do poeta. O objetivo do trabalho é apresentar uma leitura sobre a representação da natureza nas Odes de Ricardo Reis como forma de revelação lírica. Para Bosi (1983), a imagem é manifestação linguística tão importante quanto a linguagem. Ligada à sensação visual, o leitor tem a primeira noção da realidade que o circunda, a partir das formas que seus olhos reconhecem como objetos que, posteriormente, serão nomeados através da linguagem. A imagem apesar de importantíssima, nunca é elemento único dentro do texto, ela apresenta uma finitude, um passado que a constitui e um presente que a mantém viva, permitindo a sua recorrência por meio do imaginário. Além desse caráter finito, apresenta mais dois aspectos que a caracterizam, a simultaneidade e o hiato. Sobre a primeira Bosi (1983) explica que, decorre do fato de ser simulacro da natureza dada. Já o caráter de hiato imagético vem de Santo Agostinho, para quem “o olho é o mais espiritual dos sentidos, pois capta o objeto sem tocá-lo” (apud BOSI, 1983, p. 17). Com relação ao texto poético, esse hiato também se faz presente, porque ela proporciona um intervalo entre imagem e som. O presente trabalho apoia-se nas ideias teóricas de Frye (1973), Bosi (1983), Moisés (1984), Paz (1982), Perrone-Moisés (1990), Reis (2007), Staiger (1997), Aguiar e Silva (1973), entre outros. A dissertação objetiva também contribuir à fortuna crítica dos estudos pessoanos, na linha de pesquisa Literatura e Historicidade.

PALAVRAS-CHAVE: Ricardo Reis; lirismo; imagem.