DEFESAS
RESUMO

 

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OBJETIVAÇÃO E SUBJETIVAÇÃO DO SUJEITO IDOSO PELAS LENTES DA MÍDIA CONTEMPORÂNEA

Daniela Polla

dani_polla@yahoo.com.br

Na atualidade, as condições de possibilidade de emergência de uma dada objetivação sobre os idosos dão ancoragem para a formulação e circulação de discursos que produzem saberes sobre esses sujeitos, saberes esses que os colocam como ativos, interessados em novas tecnologias, preocupados com questões estéticas e com um envelhecimento saudável. Em vista disso, justifica-se a realização de uma pesquisa, em nível de Mestrado, que interrogue o estatuto das discursividades que instituem a identidade da terceira idade como nova, a qual parece fazer frente a práticas discursivas que reservavam a esses sujeitos a condição de velho. Objetiva-se, pois, analisar a objetivação e a subjetivação de idoso criada discursivamente em textos produzidos nos meios de comunicação social. Isso implica levar em conta, no momento de descrição dos discursos sob investigação, a relação poder/saber que atravessa e constitui o idoso, bem como dar visibilidade à prática discursiva contemporânea que se projeta sobre esse sujeito. O referencial teórico-analítico mobilizado para fundamentar as análises e discussões compreende questões de método desenvolvidas por Michel Foucault. No que concerne à fase arqueológica dos estudos desse autor, a pesquisa vale-se da análise enunciativa, o que demandou a constituição de séries e a descrição da função enunciativa que se manifesta nos discursos midiáticos sobre os idosos. Destacam-se também três opções teóricas necessárias quando se pensa com Foucault: conceber a História não como uma continuidade, como um longo período de causalidades, mas como uma História Serial, composta por descontinuidades, rupturas, acontecimentos; abrir mão das vastas unidades trans-históricas, tais como livro, obra, disciplina, sem duvidar da evidência; não mais pensar o sujeito como cartesiano, fonte e origem de seu dizer, mas um sujeito que é uma função do discurso, uma posição que pode e deve ser ocupada por qualquer indivíduo para ser sujeito de dado enunciado. Em relação à genealogia, essa proposta de análise reclama por uma problematização das relações de poder, relações microfísicas que perpassam, ao mesmo tempo em que constituem, saberes, sujeitos e verdades. Especificamente, a descrição feita dos discursos buscou observar de que modo elementos da governamentalidade e do biopoder funcionam discursivamente, na direção de gerir o corpo social para uma dada arte de existência. Diante do descrito, no momento descritivo analítico, baseado na arqueologia e na genealogia, percebeu-se uma objetivação de idoso “nova” convivendo com a “tradicional”, fato esse que fomenta a polêmica em torno de qual identidade o idoso deve assumir. Percebeu-se, então, por meio das análises, a objetivação e subjetivação de um idoso que seria “novo” (na medida em que é ativo, continua no mercado de trabalho, viaja, estuda, se interessa por novas tecnologias e procura manter-se belo, saudável) convivendo com um idoso que seria “velho” (aquele que padece de patologias características das idades mais avançadas, tais como: diminuição das capacidades auditivas, visuais, intelectuais, doenças motoras, enfim um idoso necessitado de cuidados). Essa polêmica instaurada nos discursos entre uma identidade classificada como “novo” idoso e outra, vista como “velho” idoso encontra-se presente no Estatuto do Idoso, nos meios de comunicação social, nas redes sociais, apesar de a objetivação de “novo” idoso estar marcadamente mais presente nos meios de comunicação social de grande abrangência e circulação, enquanto a de “velho” idoso é mais presente na legislação e em mídias mais alternativas (blogs, redes sociais). Conclui-se, portanto, que as condições de possibilidade e emergência da prática discursiva contemporânea fazem conviver polemicamente nos discursos a objetivação de “Novo” e “Velho” idoso.

Palavras-chave: Análise do Discurso; Mídia; Sujeito Idoso.