DEFESAS
RESUMO

 

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(SEM/ COM) FRONTEIRAS: DISPOSITIVOS DE GOVERNAMENTALIDADE QUE ATRAVESSAM O DISCURSO SOBRE O PROGRAMA CIÊNCIA SEM FRONTEIRAS UTFPR-FB

Carina Merkle Lingnau

carinadebeltrao@gmail.com

Vivemos em um momento histórico em que a globalização é a palavra de ordem. A busca pelas relações globalizadas exige contato com outros países e preza pela internacionalização. Essa internacionalização aciona conexões no campo educacional, social, econômico, jurídico, entre outros. Nessa parceria entre globalização e internacionalização que ora são complementares, ora sinonímias, ocorre simultaneamente outra parceria: poder-saber.  O jogo entre poder e saber é realizado através da linguagem que se ocupa de elementos discursivos e não discursivos. No que diz respeito aos elementos discursivos se faz necessário o uso de um idioma. Geopoliticamente compreendemos o uso da língua inglesa com função de destaque nas relações internacionais atuais e com isso a necessidade criada do ensino/aprendizado desse idioma no mundo contemporâneo. Assim, é nesse clima de globalização/internacionalização, poder-saber que o Programa Ciência sem Fronteiras (CsF) é idealizado e politicamente instituído pelo governo brasileiro nas instituições de ensino superior (IES). O CsF é uma ação dos Ministérios da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) e do Ministério da Educação (MEC), representados pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e Comissão de Aperfeiçoamento de Pessoal do Nível Superior (CAPES). Nesse contexto, o CsF emerge com a intenção de promover a internacionalização das IES nas seguintes áreas do conhecimento: exatas e biológicas/tecnológicas. Nesse cenário, defendemos a tese de que o CsF é uma ação prática do governo federal brasileiro e está imerso em um processo de governamentalidade que se estabelece em meio a ação e reação de dispositivos de governamentalidade que se ajustam e desajustam na dispersão e produzem efeitos que convergem e divergem dos objetivos do programa. Nessa perspectiva, ao inventariarmos para essa tese um corpus de entrevistas, documentos e mídias temos como objetivo central analisar os dispositivos de governamentalidade que mobilizam o discurso sobre o CsF. Ao desmembrar esse objetivo central tem-se como objetivos específicos a) compreender o programa CsF como um acontecimento discursivo; b) verificar quais dispositivos de governamentalidade são percebidos nos discursos produzidos sobre o CsF; c) refletir sobre os efeitos de governamentalidade que os dispositivos percebidos nos discursos produzidos sobre o CsF constroem; d) analisar os processos de subjetivação e resistências nas sequências enunciativas (SEs) do corpus. Como metodologia utilizamos levantamento bibliográfico, pesquisa documental, entrevistas narrativas (BAUER & GASKEL, 2002) e método arquegenealógico (FOUCAULT, 1999, 2008a, 2014a). Nossas discussões têm suporte teórico em Foucault (1988, 2008b, 2014b, 2015a, 2015b, 2015c), Veiga-Neto (1999, 2002, 2014), Navarro (2004, 2011, 2015), Veyne (2011), Bauman (1999, 1999a), entre outros. As análises mostraram que o programa CsF pode ser considerado um acontecimento e dispositivo de governamentalidade na UTFPR-FB. Além disso, verificamos como dispositivos de governamentalidade o programa CsF, a língua estrangeira inglesa e a globalização. Outrossim, os efeitos de governamentalidade do CsF na UTFPR-FB foram relacionados com os modos de subjetivação em que nas relações de poder-saber o programa CsF se apresenta em práticas discursivas ora de assujeitamento, ora de resistência.

Palavras-chave: Discurso; Língua Inglesa; Governamentalidade.

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