DEFESAS
RESUMO

 

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PRÁTICAS DE PODER:

A OBJETIVAÇÃO E A SUBJETIVAÇÃO DO

SUJEITO ALUNO HIPERATIVO NA MÍDIA

 

Bruno Franceschini

b-franceschini@hotmail.com 

Esta pesquisa tem por objetivo verificar as práticas discursivas midiáticas que objetivam e subjetivam o sujeito-hiperativo. São observados os processos discursivos constituintes da identidade desse sujeito da educação, verificando a ocorrência de regularidades discursivas entre o discurso médico e escolar na mídia. Para tanto, são utilizados preceitos teórico-metodológicos propostos pelo filósofo francês Michel Foucault, em especial aquilo que diz respeito às modalidades enunciativas, ao poder disciplinar, à biopolítica e ao biopoder, conceitos estes que possibilitam a análise dos efeitos de verdade dos enunciados retirados do corpus deste projeto, o qual é formado por artigos de revistas de circulação nacional (em especial, Época, IstoÉ, Nova Escola e Veja), além de textos em jornais e sítios especializados que tratam do Transtorno por Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH), veiculados em sites voltados à educação. Portanto, este trabalho se propõe a analisar a rede discursiva que constrói a identidade do aluno hiperativo na prática discursiva midiática e como, nesses discursos, ocorre a essa constituição identitária, bem como o exercício do poder disciplinar que governa esse sujeito da educação. As análises realizadas indicam que, nessa prática discursiva, num primeiro momento, produz-se um efeito de marginalização desse sujeito que passa a ser caracterizado como agitado, desatento, inquieto, entre outras representações enunciadas por sujeitos discursivos autorizados, como a escola e medicina. Num segundo momento, a legitimação para esse diagnóstico ocorre quando da colocação desse aluno num regime de visibilidade no qual ele é exposto ao olhar do discurso escolar e do discurso médico, em que esses saberes, por meio da observação em sala de aula e pela realização de exames, constituirão um saber sobre esse sujeito. No caso, o saber escolar enuncia que o aluno hiperativo é considerado como tal tendo em vista o seu comportamento diferenciado no espaço escola, já para o saber médico, o diagnóstico de hiperatividade ocorre porque há algo que falha no cérebro desse sujeito, o que é corroborado por entrevistas e exames clínicos. Por fim, o discurso midiático faz circular enunciados que versam a respeito da necessidade de tratamento do aluno hiperativo. Desse modo, os enunciados analisados trabalham com duas vertentes: o tratamento médico aliado e não-aliado à medicação e as condutas indicadas ao professor em sala de aula, sendo que, nesses discursos, constatamos a ocorrência de um saber-poder escolar e médico os quais buscam normatizar e disciplinar o aluno hiperativo nos diversos espaços sociais relacionados.

 

Palavras-chave: Análise de discurso; enunciado, governamentalidade, subjetivação, sujeito aluno hiperativo.