EM BUSCA DA IMAGO DA ARTE EM COMPOSIÇÕES VISUAIS-MEME DA PÁGINA ARTES DEPRESSÃO

Bruno Arnold Pesch

brunopesch@hotmail.com

Nesta pesquisa, constituída nas fronteiras da Arte, da Análise de Discurso e da Psicanálise, procura-se analisar discursivamente as composições visuais-memeda página do Facebook Artes Depressão, buscando observar nos detalhes do encontro entre uma atualidade e uma memória, a maneira que a imago da arte irrompe, entrelaçando a cultura e o social. Tal formulação imago da arte é compreendida nesta dissertação como imagens/representações inconscientes que sustentam o fazer e o dizer do/sobre/acerca do artístico. O corpus é composto por quatro composições visuais-meme da página do FacebookArtes Depressão, que em seu conteúdo versam sobre um evento social que ocorreu no segundo semestre de 2017, o cancelamento da exposição Queermuseu: cartografias da diferença na arte brasileira. As composições visuais-meme são construídas pela imbricação de uma imagem-visual de uma obra de arte e de determinada formulação verbal, esta que desloca a imagem-visual da arte das condições de produção em que foi produzida, inscrevendo-a em um contexto sócio-histórico outro, na tensão do encontro entre memória e atualidade (alusão a PÊCHEUX, 1997). Nas/pelas observações dos pequenos detalhes que compõem o conjunto do material tomado para análise, procura-se responder à pergunta norteadora da investigação, que indaga: Como no encontro de uma atualidade (inscrições verbais imbricadas nas formulações visuais) e de uma memória (que se materializa nas imagens-visuais de obras de arte e em inscrições verbais que se põem em relação com elas), a imago da arte irrompe, entrelaçando e tensionando a cultura e o social em seu funcionamento discursivo? É, portanto, pelo movimento de observação teórico-analítica do ponto de encontro entre uma atualidade e uma memória nas composições visuais-meme que se vê emergir a potência da imago. Tal potência promove, pelo deslizamento de sentidos, efeitos do artístico no trabalho com o humor e a ironia no embate com o social. Justamente na composição que o sentido de depressão, de Artes Depressão, é recuperado (na/pela reinscrição) constantemente na composição visual-meme. A depressão, nesse movimento, coloca e retira o sujeito do lugar de “desânimo”, de “profunda tristeza”. Simultaneamente, ela joga com o evento de social “doente”, que “sofre”, de um social (des)regrado, pelo emprego do humor e ironia.