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RESUMO |
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TEXTO DOS FORMANDOS DE LETRAS: Os acadêmicos do Curso de Letras, ao encerrar a graduação, em sua maioria, apresentam uma produção textual muito aquém do esperado de um formando, segundo o julgamento de alguns professores que ministram aulas no Curso. Supõe-se que o acadêmico dessa área deveria ter a obrigação de se formar fazendo jus ao título de alguém que sai da Universidade sabendo escrever muito bem. Em nossa participação no Curso, enquanto acadêmico, sempre ouvimos os professores, após fazerem correções dos trabalhos de suas disciplinas, reclamarem da falta de coesão e coerência dos textos - e isso ocorria até o último ano do Curso -, dizendo, ainda, que "o aluno de Letras não sabe escrever!". O que mais nos chamava a atenção era que, mesmo diante de comentários como os que expusemos acima, os acadêmicos não se importavam muito com isso e mostravam-se totalmente indiferentes e alheios ao problema, dando a impressão de que tal fato não era relevante para a sua formação e que não seria preciso munirem-se de conhecimentos da área de produção escrita, como se isso um dia não fosse necessário, esquivando-se, então, do aperfeiçoamento dos recursos de que se valeriam na sua vida profissional. No entanto, não ocorria nenhuma discussão em torno do assunto que, a nosso ver, poderia, de certa forma, orientar os acadêmicos a tomar uma atitude de reflexão, levando-os a procurar uma solução para o problema. Isso fazia com que pensássemos, à luz de uma concepção de linguagem cultivada por lingüistas e professores até alguns anos atrás, que talvez o que lhes faltasse fosse um estudo mais profundo de regras gramaticais (!) que supostamente pudesse suprir essa deficiência e, de uma maneira equivocada - hoje podemos admitir esse equívoco - questionava o currículo de Letras por não apresentar uma disciplina específica dessas regras gramaticais normativas logo no início do Curso. Obviamente essa inquietação era advinda da formação no ensino médio e fundamental, que ainda insiste ensinar uma gramática que certamente não subsidia os seus alunos para o domínio da linguagem escrita. É pertinente observar que para haver uma melhoria da composição escrita não basta o aluno saber as maçantes regras gramaticais estudadas no ensino médio e fundamental; é preciso haver interesse pela leitura e, conseqüentemente, pela escrita. Em decorrência disso, o aluno passaria a perceber melhor as construções da língua apresentadas nos textos, sejam eles literários ou informativos. Assim, além de alargar sua visão de mundo, passaria a adquirir formas de interação para produzir textos adequadamente. Daí nossa reflexão sobre o estímulo que esse aluno deixou de ter de seus professores, enquanto colegial. É necessário que o encaminhamento pedagógico da escola deixe de insistir no ensino tradicional ou tecnicista para tornar-se o espaço efetivo de constituição do sujeito. O aluno e professor, interagindo um com o outro, teriam condições de produzir o conhecimento, fazendo da escola um espaço voltado para se viver o profissionalismo e a consciência crítica. O objetivo da pesquisa foi investigar as dificuldades de composição de textos dos alunos do Curso de Letras da Universidade Estadual de Maringá e, para isso, faremos uso de métodos voltados à análise de trabalhos que esses alunos desenvolveram para seus professores na graduação; analisamos cinqüenta e nove avaliações da disciplina de Língua Portuguesa, do quarto e quinto períodos do Curso. Palavras-chave: Produção Textual, Alunos de Letras, Pesquisa. |