A partir de teorias de Vygotsky (1991 e 1993), Bakhtin (1997), Goodman (1991), Charmeux (1995), Leffa (1999), Orlandi (1988 e 1996), Silva (1997 e 1998), dentre outros, este estudo, em 57 redações na tipologia dissertativa que obtiveram conceitos máximos, entre 50 e 60 pontos, no concurso vestibular de julho de 1999 da Universidade Estadual de Maringá, examina a relação existente entre a produção escrita e a produção de leitura, ou noutros termos, pretende detectar vestígios de leituras em redações de vestibular. O referencial teórico ancorado na Lingüística, Lingüística Aplicada e Psicolingüística versa principalmente sobre os processos e compreensão de leitura, abordando ainda explanação sintética sobre o funcionamento da memória, os esquemas mentais e as concepções de leituras, estendendo-se a fatores também importantes à compreensão como conhecimento prévio, informatividade, intertextualidade, criatividade e senso crítico. Com base nesses princípios, 13 redações, tomadas como amostra, são analisadas quanto aos aspectos informativos, criativos e críticos. A investigação revela que 100% das redações reproduz algum tipo de conhecimento prévio; 38% reflete criatividade e 46% evidencia senso crítico, permitindo ainda a percepção de leituras limitadas ao foco de interesse do produtor do texto, ou com visão unilateral de fatos. A pesquisa alerta sobre a necessidade, não somente de profissionais do magistério e estudantes, como de toda a sociedade brasileira, da conscientização e importância da prática de leitura constante e diversificada, o que é possível pelo contato dialógico entre pesquisadores, sistema de ensino e comunidade.