|
RESUMO |
ASPECTOS CONSTITUTIVOS DA SUBJETIVIDADE E DA IDENTIDADE DE PROFESSORES DE PORTUGUÊS COMO LÍNGUA MATERNA DO OESTE DO PARANÁ Carmen Teresinha Baumgärtner Maciel Neste trabalho de dissertação objetivamos apresentar um estudo sobre a construção da subjetividade e os movimentos de identidade do professor de português como língua materna (doravante PLM), considerando-o não somente na perspectiva de sua prática pedagógica, mas também na sua constituição sócio-histórica e ideológica, atravessada pelo discurso do inconsciente. Propomo-nos a realizar um estudo sobre as produções discursivas de professores PLM, levando em conta as representações que fazem de si, do outro, e de sua profissão. Nosso objetivo é, através da problematização de questões fundamentais a respeito da formação de professores PLM, contribuir para a ampliação de conhecimentos disponíveis sobre essa questão. Observamos o jogo de imagens, as representações como produtos de uma certa posição sócio-histórica e ideológica desses profissionais. Tomando como corpus a transcrição de entrevistas de longo termo, realizadas com um grupo de seis professores, a respeito de sua história de vida profissional e tendo como referência as Teorias Lingüísticas e Análise do Discurso (AD francesa), rastreamos seus discursos, concebidos como o lugar de manifestação dos sentidos, localizando imagens que constituem sua subjetividade e sua identidade de professor. Esse estudo evidenciou que os modelos-professores presentes no imaginário desses sujeitos eram do Ensino Fundamental e Médio. Outro aspecto revelado é que, o que motivou esse grupo de professores a fazer o curso de Letras, foi a "necessidade" de fazer um curso superior, o gosto por uma determinada disciplina (português ou inglês), ou ainda, a pouca oferta de outros cursos. Além disso, no grupo pesquisado, Letras constituiu-se numa segunda opção de formação profissional. Concebendo o papel do professor como o de "passar" conteúdo, percebe-se que, nas representações desses professores, habita o modelo de professor próprio do ensino tradicional. As metáforas de professor-sacerdote, de professor-jardineiro, de professor-construtor, de professor-formiga, de professor-cobrador também são constituintes desses sujeitos. Os discursos desses professores explodem com a noção de unicidade, de homogeneidade, revelando uma multiplicidade de vozes, que entram em tensão, configurando o caráter heterogêneo de sua constituição subjetiva e de seu processo identitário, que vão frontalmente contra os discursos oficiais a respeito de formação de professores, que desconsideram a complexidade do ensinar e do aprender línguas, bem como a do sujeito-professor, e assentam-se em crenças de que, anunciada uma proposta curricular, essa já pode ser considerada em curso, já que cegamente creditam na substituição inconteste de paradigmas teóricos que re-orientam automaticamente as práticas pedagógicas. Palavras-chave: formação do professor PLM; identidade; subjetividade. |