DEFESAS
RESUMO

 

Dissertação completa

ENEM: MECANISMO DE REFORMULAÇÃO OU DE AVALIAÇÃO

 DO ENSINO DE LÍNGUA PORTUGUESA?

Neil Armstrong Franco de Oliveira

Este trabalho apresenta resultados de uma investigação sobre a Língua Portuguesa na prova do ENEM (Exame Nacional do Ensino Médio), em suas três primeiras edições (1998, 1999 e 2000). A pergunta que norteia essa pesquisa constitui o objetivo maior do trabalho: é o ENEM um mecanismo de reformulação ou de avaliação do ensino de Língua Portuguesa? Outro objetivo é servir de contribuição para o ensino da língua, a partir da análise, discussões e reflexões desenvolvidas. Como objetivo específico, procurei investigar como se dão a leitura, a escrita e a análise lingüística no Exame, que teve sua elaboração norteada por documentos, como o texto da Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB), dos Parâmetros Curriculares Nacionais do Ensino Médio (PCNEM), da Reforma do Ensino Médio e das Matrizes Curriculares de Referência para o Sistema de Avaliação da Escola Básica (SAEB). O ENEM constitui-se de duas partes: uma objetiva, com sessenta e três questões, e outra, com uma proposta de redação. Uma Matriz de Competências criada por diversos profissionais (especialistas em Psicologia do desenvolvimento, pesquisadores e professores de diferentes áreas do conhecimento) estrutura o exame. As questões objetivas, denominadas pelos elaboradores do exame de situações-problema, cobram dos participantes a capacidade de resolver situações do dia-a-dia, de interpretar informações e dados adquiridos nos contextos escolar e extra-escolar, verificando, portanto, o domínio dos vários tipos de linguagem. Para proceder à análise, previamente procurei separar as situações-problema referentes à Língua Portuguesa e a proposta de redação. Em relação às três habilidades, pude constatar que: quanto à leitura, as questões vão além do simples processo de compreensão, exigindo do participante conhecimento de mundo e estratégias diferentes para chegar às respostas. No que diz respeito à análise lingüística, a prova não se limita ao conhecimento da gramática normativa, oferecendo oportunidade de reflexão acerca das situações comunicativas. E a escrita é reforçada com a produção de um texto dissertativo sobre um tema ao alcance do participante, em que se evidencia a importância da argumentação. Creio que todo esse percurso investigativo conseguiu me apontar uma resposta. O caráter de avaliação jamais poderia ser desconsiderado, pois a prova, como tantas outras, busca averiguar, com um conjunto de questões, qual o grau de competência do participante em relação a conteúdos escolares e não escolares, e, conseqüentemente, avalia o próprio sistema de ensino. Quanto ao caráter de reformulação, é importante destacar que já existiam, antes mesmo do ENEM, alguns concursos vestibulares que sinalizavam para uma postura diferente em relação ao ensino da língua. Mas o ENEM tem um papel a cumprir, que é o de confirmar essa necessidade de uma re-configuração. 

Palavras-chave: ENEM, Língua Portuguesa, avaliação, reformulação.