LUÍS DILL E A NARRATIVA PARA JOVENS: O GÊNERO POLICIAL
Andressa FAJARDO
dressa.fajardo@hotmail.com
A
narrativa juvenil brasileira das últimas décadas, constituindo um
subsistema diferenciado do infantil, tem mostrado diferentes facetas
temáticas e formais, inclusive com a revitalização de gêneros
literários, como o romance policial, contribuindo para aproximar
jovens leitores dessa produção. A partir dessa perspectiva,
procuramos, no decorrer desta dissertação, com o apoio de diferentes
teorias e pesquisadores, observar e discutir modos de apropriação de
elementos da narrativa policial, em um corpus de oito obras
do escritor gaúcho Luís Dill. A fundamentação teórica da pesquisa
abrange estudos sobre a gênese do romance policial, sobre suas
modalidades textuais (romance de enigma, noir e de suspense),
com respaldo nos estudos de Todorov (1979), Medeiros e Albuquerque
(1979), Reimão (1983), Boileau e Narcejac (1991), Chandler (2002),
Carvalho (2006), entre outros, os quais foram de grande importância
para que pudéssemos estabelecer os pontos de contato entre o gênero
policial e as narrativas juvenis contemporâneas analisadas. Além
disso, valemo-nos das teorias sobre a Sociologia da leitura,
notadamente nas contribuições de Escarpit (1974, 1977), Barker e
Escarpit (1975), Candido (1976), Hauser (1977), Aguiar (1996),
Zilberman (2001) e das concepções sobre o papel da indústria
cultural na produção e veiculação de livros com base em estudos
realizados por Wellershoff (1970), Bourdieu (1974), Eco (1979),
Lajolo e Zilberman (1988) e Horkheimer e Adorno (1990). Como
resultados, destacamos que a relação estabelecida entre a narrativa
policial e a juvenil ocorre desde a inserção de temáticas violentas
(morte, violência, criminalidade etc.), até a forma com que a obra
literária é construída, a atmosfera de mistério e investigação, a
inserção das personagens jovens no papel do detetive e/ou do
criminoso, as pistas a serem investigadas, a presença de um crime,
entre outros fatores, responsáveis não apenas por aproximar os dois
objetos estéticos, mas também por proporcionar ao jovem leitor, a
partir do cotejamento entre dois mundos – realidade e ficção, - o
questionamento acerca de acontecimentos e emoções que o envolvem
como ser-no-mundo.
Palavras-chave:
Romance policia; Luís Dill; Narrativa juvenil policial.