DEFESAS
RESUMO

 

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“GUERRA DOS SEXOS”: EFEITOS DE VERDADE CONCERNENTES À SEXUALIDADE E À SUBJETIVIDADE DO HOMEM E DA MULHER EM DISCURSOS MIDIÁTICOS

 

 

Andréa Zíngara Miranda

andrea.zingara@hotmail.com

 

 

Esta pesquisa problematiza a tríade sexualidade-subjetividade-verdade relacionada ao que se convencionou nomear “guerra dos sexos”. A leitura de discursos postos em circulação por meios de comunicação entre os anos de 2012 e 2015 permite vislumbrar uma incessante busca pela igualdade entre os sexos a ponto de travar, entre o homem e a mulher, uma “guerra”. No entanto, ao se compreender a denominação “guerra dos sexos” como uma construção sócio-histórica da qual a mídia participa ao disseminá-la e até mesmo naturalizá-la na sociedade brasileira, justifica-se, social e academicamente, o interesse por uma investigação dos efeitos de verdade advindos de discursos que produzem saberes sobre o homem e a mulher. Entende-se que o efeito de evidência acerca da temática “guerra dos sexos” pode ser problematizado a partir dos acontecimentos históricos que se repetem ou que se rompem, que atravessam a atualidade e engendram discursos e, por conseguinte, práticas e comportamentos que constituem a subjetividade de ambos os sexos nessa trama histórica. Parte-se da consideração de que a dificuldade em lidar com as diferenças entre os sexos é oriunda da não compreensão e, por conseguinte, do não respeito das singularidades que lhes são inerentes. As diferenças, nesse embate, nunca são tratadas como algo positivo e mesmo quando se fala em igualdade de gênero, essa igualdade passa pelo crivo de um discurso o qual implica ganhos a um e perdas a outro. Considerando o exposto, a pesquisa teve como objetivo geral analisar o funcionamento do dispositivo da sexualidade na instituição de saberes que possibilitam o estabelecimento e a naturalização de verdades concernentes à sexualidade do homem e da mulher. Frente a esse objetivo mais abrangente, desdobraram-se três objetivos específicos: i) entender como o dispositivo da sexualidade institui saberes com relação ao sexo e à sexualidade dos sujeitos, tendo a mídia como agenciadora desses saberes; ii) compreender os acontecimentos históricos que atravessam a prática discursiva midiática e instauram uma hierarquia entre os sexos; e iii) analisar, a partir dos saberes e hierarquia instituídos, as práticas discursivas sociais que ora docilizam e ora virilizam a mulher e o homem. Pautou-se em Foucault (1982, 1984a, 1984b, 1985, 1988, 2005, 2009), cujos contributos possibilitaram uma análise arqueogenealógica, isto é, uma análise que prioriza o imbricamento entre a descrição dos enunciados e a análise das estratégias de poder neles circunscritas, portanto, arqueológica e genealógica respectivamente. A série enunciativa analisada foi composta de enunciados extraídos de edições impressas das revistas Época, Veja e Caras, do referido período, do romance pornoerótico Cinquenta tons de cinza (2012), da obra A ilusão dos cinquenta tons (2012), da atração intitulada Homens queimam cuecas e pedem igualdade, exibida pelo programa de entretenimento Amor e Sexo da Rede Globo de Televisão, em 2014, e do Plano Municipal de Educação (PME) de Maringá/Pr (2015). A análise apontou que os efeitos de verdade, construídos graças à articulação, à apropriação ou mesmo à concorrência de diferentes discursos, mostram apenas um recorte na dispersão e na multiplicidade de acontecimentos para, com isso, afirmar algo sobre a sexualidade dos sujeitos. A mudança de estatuto, em dado momento histórico, não reflete a vitória de um em detrimento da derrota do outro ou vice-versa. Trata-se, antes, de uma nova objetivação/subjetivação tanto do homem quanto da mulher, que nunca serão iguais.

 

Palavras-chave: “Guerra dos sexos”; Verdade; Mídia.

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