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RESUMO |
Dissertação completa - Arquivo PDF
INTERFACES DE UM RETRATO: IDENTIDADE E REPRESENTAÇÕES DO GAY-HOMEM EM MADAME SATÃ
André Ricardo Pinheiro Lima
Por séculos, o tema sexo foi submetido a certas coerções. Somente nos anos 1960, os movimentos feministas tornaram possível um novo olhar sobre a questão do gênero, pondo em xeque o modo como fomos formados e produzidos como “sujeitos generificados”. Trevisan (1998, p. 190) assevera que ocorreu “a derrocada das muralhas levantadas para proteger certo tipo de masculinidade definida e mantida como tal, a ferro e a fogo”. Surgia assim o movimento gay, opondo-se particularmente à obrigatoriedade do relacionamento sexual dos homens exclusivamente e obrigatoriamente com mulheres, defendendo um novo olhar do tecido social para as relações homoeróticas. Em decorrência desses movimentos, o século XXI viu surgir uma nova identidade homossexual. Se antes os sujeitos homossexuais afeminavam-se cada vez mais buscando imitar as mulheres para poder atrair os homens, contemporaneamente, testemunhou-se o surgimento de homossexuais mais masculinos. Esses novos sujeitos visam à conquista de amantes ainda mais masculinos. Assim, à luz dos preceitos da AD francesa, numa perspectiva foucaultiana, busco analisar as marcas discursivas emanantes da narrativa fílmica Madame Satã que concorrem para a emergência e consequente promoção de um “gay-homem”, despido de trejeitos e afetações que caracterizavam os gays de antigamente. A partir do princípio de que o cinema é um veículo (re)produtor de efeitos de real/realidade e facilitador do funcionamento da (a)normalização dos sujeitos e de suas práticas, consideramos Madame Satã um marco na constituição identitária do homossexual no Brasil, seja da ótica social seja do ponto de vista do próprio sujeito. Por isso, a busca por determinar a emergência dos discursos desse sujeito oprimido política e socialmente que, ansiando um lugar no cerne social, procura afirmar-se como sujeito do mundo.
Palavras-chave: identidade; homossexualidade; Madame Satã.
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