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RESUMO

 

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LITERATURA DE MASSA E FORMAÇÃO DO LEITOR: O LETRAMENTO DE RECEPTORES DA SAGA CREPÚSCULO DO PAPEL ÀS TELAS

Ana Paula de Castro Sierakowski

ninhasierakowski@hotmail.com

 

Obras clássicas da literatura universal estão presentes no cotidiano brasileiro nas mais variadas formas de representação. Elas podem ser revisitadas em mídias plurais, como, filmes, peças teatrais, games, além de poderem se manter na mesma mídia em que foram primeiramente concebidas, ou seja, sendo adaptadas ou utilizadas como intertexto nos inúmeros gêneros escritos existentes. Assim, encontram-se relações entre literatura canônica e de massa, essa última, frequentemente, tendo como base de sua tessitura obras de autores consagrados pelo cânone. Diante disso, levanto como hipótese que a literatura estrangeira, de massa ou canônica, circula no Brasil, de forma que os leitores caminham pelos vários modos que essas literaturas lhes são apresentadas e que a influência da literatura de massa e de suas multimodalidades são componentes importantes na formação da identidade leitora. Assim, como objetivo geral, proponho: analisar os livros da saga Crepúsculo, de Stephenie Meyer, que contém o intertexto com obras da literatura canônica como Romeu e Julieta (Shakespeare) e O Morro dos Ventos Uivantes (Emily Brontë).  Na análise proposta focarei os seguintes objetivos específicos: a) analisar como o intertexto presente nos livros é apresentado – se apresentado – nas suas adaptações cinematográficas; b) verificar, por meio de comentários de leitores em suportes da internet, se eles, depois de terem lido Crepúsculo, se interessaram pela leitura do cânone citado na tetralogia e/ou outras leituras; c) checar como eles se posicionam em relação às adaptações cinematográficas dos livros; e, em meio a isso, d) problematizar os letramentos que os leitores fazem da literatura canônica e de massa, dos filmes e dos meios de comunicação viabilizados pela internet. Para tanto, utilizarei os estudos do letramento e das multimodalidades para analisar as respostas dos leitores que foram colhidas da seguinte maneira: primeiramente, recolhi 13 comentários feitos em um fórum no website www.twilightbrasil.net; depois disso, criei um fórum na comunidade oficial de Crepúsculo no Orkut, obtendo 86 comentários até maio de 2011; e, por último, distribuí, aleatoriamente, via e-mail, questionários, com 12 perguntas, para leitores da tetralogia, totalizando, nesse passo, 14 questionários respondidos. As discussões do trabalho sobre literatura canônica e de massa foram cerceadas principalmente por Borelli (1996), Culler (1999), Bloom (2001; 2010), Adorno (2002), Zappone & Wielewicki (2005) e Eco (2008); sobre intertextualidade, por Kristeva (1978) e Koch (2005); concernente às teorias do letramento, ancorei-me nos pressupostos de Kleiman (1995), Cervetti et al (2001), Jordão (2003; 2007), Canclini (2008) e Rojo (2009); e referente ao aporte teórico das multimodalidades, utilizei, principalmente, Clüver (1997; 2007), Kress (2003; 2006), Hutcheon (2006) e Diniz (2003; 2005). Diante da análise feita, confirmo a hipótese de pesquisa, já que, na esteira da literatura de massa, a literatura canônica estrangeira circula. Os comentaristas e respondentes mostraram que houve o interesse pela leitura da literatura canônica e por inúmeros outros títulos da de massa, mostrando, além disso, que sua identidade leitora vai se formando a partir das várias mídias em que as literaturas se apresentam e que eles letram-se a cada dia nesses meios, seja no papel ou nas telas.

 

Palavras-chave: letramento; multimodalidades; Crepúsculo.