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RESUMO

 

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RESUMO

 

CAMPANHAS PUBLICITÁRIAS DE ESCOLAS DE LÍNGUA INGLESA: ENTRE DISCURSOS E SUBJETIVAÇÕES

Aline Yuri Kiminami

alinekiminami@gmail.com

O propósito deste trabalho foi o de analisar, nos atuais discursos que circulam com relação à Língua Inglesa (LI), quem é o sujeito atual configurado e subjetivado por representações em anúncios de escolas do idioma. Para a realização dessa análise, buscamos questionar a necessidade/obrigação de se aprender a LI que se impõe sobre os sujeitos, e investigar como se dá a representação (ou representações) do aluno de LI nos discursos circulando em campanhas publicitárias das escolas de LI mais reconhecidas no mercado, e a forma como tais representações produzem posições-sujeito. Buscamos trazer as contribuições dos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs), vistos como um dispositivo que “faz falar” da LI em contexto institucionalizado, para que fosse possível compreender o funcionamento dos discursos nesse contexto, aliando-os às análises das propagandas. As análises partiram de um embasamento teórico-metodológico pautado na análise do discurso de linha francesa, em especial nas obras de Michel Foucault, com a contribuição das teorias de Pierre Bourdieu e autores da área de ensino de LI e dos estudos culturais. Tomamos os anúncios como uma série enunciativa, unindo-os em quatro quadros enunciativos, com base nas seguintes regularidades concernentes à LI: Trabalho, Sucesso, Desafio e Mobilidade. A partir das análises, a inserção da LI nos currículos escolares nacionais foi percebida como uma forma contemporânea de governamentalidade e de biopoder, uma vez que o governo, através dessa imposição curricular, gere a população no sentido de preparar os cidadãos para um mercado de trabalho que exige o conhecimento da língua como pré-requisito para obtenção de cargos mais altos e variados. Nos anúncios que revolvem em torno do termo ‘trabalho’, percebemos uma dicotomia estabelecida entre os que sabem contra os que não sabem a LI, levando ao que temos como central no quadro referente ao ‘sucesso’, no qual os sujeitos que dominam a LI possuem o capital cultural necessário para serem capazes de celebrar conquistas. No quadro em que a LI é tratada como um ‘desafio’, notamos uma regularidade entre aspectos indicados pelos PCNs e os anúncios, no sentido de que a LI é vista como ferramenta (paraskeué) que servirá como uma armadura para que o sujeito possa ocupar a posição-sujeito de interlocutor num mercado que pode muitas vezes se mostrar agressivo, sendo nessa medida, um cuidado-de-si. No último quadro, ‘LI como Língua de Mobilidade’, a LI também estabelece uma relação muito forte entre o que os PCNs asseveram quanto à importância da cultura no ensino da LI, e as campanhas publicitárias, que subjetivam os sujeitos como ‘cidadãos do mundo’, com o poder da mobilidade geográfica e cultural através do domínio desse saber específico que é a LI.  Em uma análise global da série enunciativa, concluímos que a LI é representada como capital cultural e como uma forma de cuidado-de-si. O sujeito representado nas propagandas é majoritariamente jovem, e quando não necessariamente o é, temos uma produção de sentidos específica que decorre do uso de um sujeito mais maduro. O mesmo ocorre com o uso da figura do homem (preponderante no quadro LI como desafio) ou da mulher (LI como mobilidade). Vemos o discurso relacionado à LI funcionando na série enunciativa como um objeto de desejo, que emerge como uma possível falta fundante do sujeito, que pode (ou não), ao estar exposto a representações construídas pelas campanhas publicitárias, identificar em si o desejo/necessidade de aprender a LI em decorrência da falta constitutiva que ela faz, frente às subjetivações produzidas pelos anúncios.

Palavras-chave: Saber-Poder; Língua Inglesa; Campanhas Publicitárias