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RESUMO |
Dissertação completa - Arquivo PDF
LITERATURA INFANTIL:
O PROCEDIMENTO ARQUEGENEALÓGICO NAS MIRAGENS FEMININAS E FEMINISTAS Aline Rodrigues dos
Santos Enquanto estudo da linguagem, esta pesquisa
dissertativa é tematizada no tripé: procedimento arquegenealógico na Análise do
Discurso (a partir dos postulados de Michel Foucault), estudos feministas (e do
feminino) pós-modernos e os estudos da literatura infantil. Nosso trabalho
busca analisar como o discurso literário infantil, ao constituir miragens
femininas e feministas, produz processos de subjetivação. Para tal,
selecionamos como corpus as obras O Cabelo de Lelê, de Valéria
Belém (2007), Procurando Firme, de Ruth Rocha (1984), Eugênia e os
Robôs, de Janaina Tokitaka (2014). Seguindo as linhas mestras estabelecidas
na pesquisa, trabalhamos, no primeiro capítulo, na compreensão do ser da
literatura, fundamentando-nos nos conceitos foucaultianos (2009) de transgressão/limite
e simulacro, e nos conceitos de Deleuze e Guattari (1995) de linha
de fuga e máquina de guerra. Para a compreensão do ser da literatura
infantil, utilizamos os estudos de Coito (2006, 2016) e de Zilberman e
Cademartori (1984). No segundo capítulo, procedemos arquegenealogicamente na
descrição da formação discursiva à qual o objeto do discurso em questão se
inscreve e nas condições históricas de seu aparecimento, o que nos levou às
teorias feministas articuladas nos trabalhos de Scott (1992), Rago (1998)
(2004), Lauretis (1994), Carneiro (2003), Gilliam (1995) e Flax (1991). Dadas
as regularidades que se dão a ver na construção das personagens Lelê, Linda
Flor e Eugênia, no terceiro capítulo, discutimos os conceitos de sujeito/processos
de subjetivação e suas relações com o governo de si e dos outros.
Procedemos, também, analiticamente com outros conceitos da arquegenealogia
foucaultiana a fim de analisar, nesse discurso, as redes dos saberes e poderes
que objetivam e subjetivam as personagens. Nesse sentido, no último capítulo
discutimos os processos de subjetividade e sua relação com a ética e
a arte, articulando-os com o conceito de autointerpretação de si –
que problematizamos nesta pesquisa - para compreender a constituição das miragens
femininas e feministas a partir das técnicas de si, retomando, do
primeiro capítulo, as discussões sobre discurso literário infantil para a
aplicação dos conceitos ali abordados no percurso de análise, ancorando-nos
também (e desde o segundo capítulo) nos estudos de Gama-Khalil (2004, 2010,
2013). As análises nos fizeram vislumbrar a literatura infantil integrando uma
questão política de reorganização dos corpos pelas relações de gênero ao
representar as três personagens sendo governadas e governando-se sob os modos
mais adequados de viverem seu feminino e, como regularidade, a subversão e
resistência desses mesmos corpos em meio a relações de forças que emergem em
suas práticas para resolver seus conflitos a partir do cuidado de si.
Diante desse abalo da verdade, do sujeito e do gênero, observamos também o
abalo da linguagem literária em torno de si mesma, denunciando como nenhuma
outra linguagem o equívoco da consciência, da interioridade e da essência,
principalmente daquelas verdades que colocam o feminino, o infantil e sua
literatura como “menor”. Palavras-chave:
miragens femininas e feministas; discurso; literatura infantil. . .
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