BRUXARIA EM ÁGUA VIVA, DE CLARICE LISPECTOR

Alessandra Regina de Carvalho

alessandrajolie1@gmail.com

RESUMO:

O intento com esse estudo é o de detectar e demonstrar a possibilidade de se estudar a bruxaria em texto literário. A escolha do romance para que se construa o corpus deste trabalho é a obra Água viva, de Clarice Lispector. Esse romance não apresenta fábula, tempo linear, unidade de espaço. Apenas se conhece a fábula, ou o fino fio dela, por meio da seguinte descrição: uma mulher não nomeada que decide deixar de pintar para se aventurar no universo da escrita. Por meio da escrita, a mulher cria novo espaço. Os elementos da Natureza são evocados para a realidade, e têm importância quando a personagem os faz viver. A partir do tema exposto, formula-se o seguinte questionamento: há bruxaria em Água viva? Os objetivos são analisar se a narrativa de Clarice Lispector intitulada Água viva realmente expressa a possibilidade de se fazer uma leitura literária que contemple a bruxaria. Detectar se há a construção de identidade bruxa por parte da personagem-narradora do romance em destaque. Ressaltar a possibilidade de espaços mágicos, de dimensões diferenciadas, nos quais a personagem-narradora por ser bruxa possa transitar livremente. Demonstrar de que forma ocorre as nuances de silêncio presentes no fluxo de consciência da personagem-narradora, e de que forma isso pode auxiliar em sua essência de identidade bruxa, a partir de sua epifania. Investigar os quatro elementos presentes no Cosmos: Água, Fogo, Terra e Ar e interligá-los com o processo alquímico de forma a melhor compreender a presença da bruxaria na obra em análise. Apresentar a relação do ser humano com o espaço vegetal e mineral, trazendo o paganismo como meio de diálogo do homem/mulher com o meio. Relacionar o lírico ao narrativo, na tentativa de demonstrar a possibilidade de Água viva ser um romance lírico. Sugerir o enriquecimento que essa análise possa trazer para o cenário contemplado pela crítica literária. Vários autores sustentam o tema proposto, entre eles, Alfredo Bosi (1997), Antonio Candido (1970), Benedito Nunes (1966), Eni Puccinelli Orlandi (2007), Evely Vânia Libanori (1996), Gaston Bachelard (2001), Luzia A. Berloffa Tofalini (2013), Massaud Moisés (1985), Mircea Eliade (1979), Stuart Clark (2006), Zizi Trevizan (1987), entre outros. E os filósofos ocultistas e esotéricos Eliphas Levi (2001), Helena Petrovna Blavatsky (1973). O resultado esperado com essa dissertação é o de sugerir o enriquecimento que essa análise possa trazer para o cenário contemplado pela crítica literária.

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