DEFESAS
RESUMO

 

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POR UM BILDUNGSROMAN FEMININO JUVENIL: DO CASULO À BORBOLETA, MULHERES E LEITORES EM FORMAÇÃO

Alessandra Oliveira dos Santos Beltramim

ale-higobeltramim@hotmail.com

 

RESUMO

A literatura infantil e juvenil brasileira, ao longo de sua história de quase um século e meio, mesmo marcada por tantos recuos e avanços, por críticas e aclamações, desempenhou um significativo papel na instituição e na formação de seu público leitor. Embora, muitas vezes, sua qualidade tenha sido questionada ao longo de seu percurso, é possível observar que, na contemporaneidade, graças à sua capacidade de adaptação, que lhe permite abarcar e instituir novas tendências, novos papéis e novos públicos, essa categoria literária se consolidou no contexto editorial, garantindo a profissionalização do escritor e adquirindo visibilidade junto ao mercado e também junto à crítica especializada. Tanto é assim que já é possível contemplar, nessa literatura, muitas inovações temáticas e formais que lhe permitem abarcar demandas cada vez mais complexas e específicas, tais como as questões de gênero, por exemplo. Assim sendo, partindo da perspectiva teórica que defende a sobrevivência do gênero Bildungsroman, em diferentes tempos e contextos históricos – Maas (2000), Bakhtin (2003) e Puga (2016) –, este trabalho parte da hipótese de que, em meio a tantos avanços quantitativos e qualitativos observados na evolução da literatura infantil e juvenil brasileira, é possível contemplar, na contemporaneidade, a existência de um Bildungsroman feminino especificamente juvenil. Com esse propósito, foram selecionadas para o corpus da pesquisa três obras da literatura juvenil de autoria feminina selecionados dentre os acervos do PNBE de 2006 a 2011 e que tinham como temática central o processo de desenvolvimento de alguma protagonista juvenil, da infância ou da adolescência à maturidade – a saber Ana Z. aonde vai você?, de Marina Colasanti (1993), Vendem-se unicórnios, de Índigo (2011) e A mocinha do Mercado Central, de Stella Maris Rezende (2011) . O objetivo era averiguar em que medida e com que intensidade tais obras seriam capazes de abordar temáticas complexas como as questões de gênero, formação leitora, amadurecimento e outros, de modo a se configurarem como possíveis Bildungsromane femininos juvenis. A partir do desenvolvimento proposto, foi possível observar que as três obras selecionadas são indicativas de que a Literatura Juvenil brasileira contemporânea demonstra-se capaz de adotar recursos formais clássicos e inovadores, complexos e prestigiados o suficiente para problematizar, também pelo viés intimista, não apenas as questões de gênero, mas também quaisquer assuntos relacionados aos grandes dilemas da vida humana, colocando-se, assim, em pé de igualdade com qualquer literatura de qualidade, legítima, autônoma, sem estigma; uma literatura digna de ser lida, apreciada, produzida, estudada. As obras do corpus comprovam a existência de um Bildungsromanfeminino juvenil materializada em uma literatura que não apenas possibilita a formação física, intelectual, emocional, ética, humana, mas que, considerando a especificidade do público a que se destina, vale-se do recurso ao fantástico e também promove a ampliação do nível de letramento literário, por meio da incorporação de expedientes narrativos que valorizam a ampliação do horizonte de expectativas de seus leitores em potencial.

 

PALAVRAS-CHAVE: Literatura Juvenil brasileira; Bildungsroman feminino; Formação do leitor, Letramento literário.

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