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REPRESENTAÇÕES DE MULHER NA COLEÇÃO MENINA E MOÇA E EM BEST SELLERS JUVENIS CONTEMPORÂNEOS: A FORMAÇÃO DE LEITORAS MIRINS

 

Alessandra Oliveira dos Santos Beltramim

prof.alessandra.santos@bol.com.br

 

Observando a história cultural – que evidencia que o público infantojuvenil feminino tem sido duplamente alvo de preconceito - esta dissertação, partindo da concepção de que a literatura também pode ser lida como representação (COMPAGNON, 2001), objetivou realizar uma leitura de narrativas destinadas ao público infantojuvenil feminino brasileiro, em períodos distintos - nas décadas de 1930 a 1960 e na contemporaneidade –, a fim de identificar a representação da figura feminina nelas corporificadas, por meio das personagens nelas presentes. O corpus abarcou trinta e sete narrativas da Coleção Menina e Moça, publicadas entre 1930 e 1960 pela Editora José Olympio, e duas coleções de best sellers infantojuvenis contemporâneos, sendo quatro narrativas da Série Fazendo Meu Filme, da autora Paula Pimenta, da Editora Gutenberg, e cinco da Série Retratos de Malu, da autora Thalita Rebouças, da Editora Rocco. Para tanto, utilizamos a metodologia qualitativa, contando com pesquisa bibliográfica e análises textuais. Entre os referenciais teóricos abordados para a compreensão da relação entre a Literatura e a Indústria Cultural, destacamos os estudos de Adorno e Horkheimer (1990), Eco (1979), Bourdieu (1982), Sodré (1988) e Pellegrini (2001), além das contribuições dos especialistas nas pesquisas relacionadas especificamente à Literatura Infantojuvenil, tais como Lajolo e Zilberman (1991 e 1982), Coelho (2010) e Colomer (2003). Para a apropriação da concepção de literatura também como representação, partimos dos pressupostos teóricos de Compagnon (2001), Chartier (1989), Campos (1992), Reis (1992) e das especialistas nos estudos sociológicos relacionados às representações sociais do sexo feminino, tais como Rocha-Coutinho (1994), Beauvoir (2000), Cunha (1999) e Del Priore (1995), as quais confirmaram o caráter histórico e ideológico da demarcação dos papeis sociais dos sexos. A partir deste estudo, constatou-se, nos textos analisados, implícita ou explicitamente, a incorporação de alguns expedientes narrativos e protocolos discursivos voltados à projeção (configuração) de um perfil de mulher condizente com os padrões impostos pela sociedade patriarcal. Nota-se, a partir da comparação das narrativas representativas dos dois recortes históricos selecionados, que os best sellers juvenis femininos contemporâneos prenunciam uma tentativa de rompimento do estereótipo romântico da figura feminina e a consequente determinação da felicidade conjugal – e suas respectivas implicações - como única possibilidade de realização plena da mulher, sem contudo, romper plenamente com as ideologias tradicionais.

Palavras-chave: Literatura Infantojuvenil Brasileira; Leituras femininas; Representações de Mulher.