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RESUMO |
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MOMENTOS REPRESENTATIVOS DA RELAÇÃO ENTRE LITERATURA E SOCIEDADE: O PERCURSO DO ANTI-HERÓI DO SÉCULO XIX ATÉ A RAPSÓDIA MACUNAÍMA (1928) E A ÓPERA DO MALANDRO (1978) Adriele Gehring
RESUMO Este trabalho tem por objetivo analisar rupturas com formas estéticas consagradas, com especial olhar à categoria do personagem, discutindo a evolução do anti-herói (e uma sua subcategoria, o malandro), dentro da literatura brasileira em momentos estética e historicamente representativos. Para tanto, fizemos uma seleção de obras que situam e apresentam essa evolução progressiva, para que esse percurso seja justificado e bem localizado nos momentos que serão foco para nossa discussão: meados de 1930 e de 1970 respectivamente. Duas obras foram escolhidas como objetos de estudo centrais para esse propósito nessa dissertação, Macunaíma (1928), de Mário de Andrade, e Ópera do malandro (1978), de Chico Buarque. Mesmo pertencentes a gêneros distintos e terem sido produzidas num espaço de tempo de 50 anos, carregam características que as aproximam como representativas de projetos de ruptura artísticos conscientes e articulados com os respectivos momentos históricos. Assim, não iremos compará-las, mas compreender sua importância para a literatura nacional, o que mostra o resultado de processos de criação e recepção maduros, conscientes e produtivos o suficiente para sustentar nossa proposta de análise. Isso porque, em ambos os casos, fugimos de uma estética tradicional em busca do novo, e esse novo está diretamente relacionado com questões do tempo histórico e social, ou seja, são obras de autores que têm consciência de que a arte tem função social e rompem com as formas dadas, o que os torna, além de autores, críticos de sua obra arte. Essas obras surgem em momentos de crise política e econômica, em momentos de fratura social, e contribuem para que a arte tenha papel ativo. Para pontuar ordenadamente esse processo daremos foco especial às rupturas trazidas pelo Movimento Modernista, via Mário de Andrade, evidenciando questões estéticas afloradas pelo novo projeto literário. Um padrão análogo de projeto estético será visto no teatro, a partir do final dos anos 1950, com o surgimento de grupos engajados com cunho coletivo que remontam à dialética entre arte e sociedade em meio à crise do capitalismo, caminho esse que servirá de base para o teatro engajado de Chico Buarque, que retoma, em certa medida, a discussão sobre o anti-herói nacional, articulando-se com a linhagem estabelecida. Palavras-chave: Mário de Andrade; Chico Buarque; Literatura e Sociedade .
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