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RESUMO

 

 

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PRODUÇÃO DE SENTIDOS E CONSTITUIÇÃO DE SUJEITOS NAS PRÁTICAS DISCURSIVAS DE INCLUSÃO: O CASO DO VESTIBULAR INDÍGENA DO/NO PARANÁ

 

Adriana Aparecida Vaz da Costa

drica_vaz@yahoo.com.br

 

O presente estudo visa a explicitar os processos de identificação do sujeito-índio e a produção de sentidos sobre o conhecimento, tendo em vista as práticas discursivas decorrentes do acontecimento da inclusão indígena nas universidades paranaenses. Para tanto, nos inscrevemos na perspectiva teórico-metodológica da Análise de Discurso, tal como desenvolvida por Pêcheux e Orlandi. O nosso material de análise constitui-se das redações produzidas por indígenas Kaingang na IV edição do Vestibular Específico Interinstitucional dos Povos Indígenas no Paraná (2005), meio pelo qual se dá a inclusão. Para a análise desse material, foi necessário mobilizar outros textos, que passaram também a constituir nosso corpus: o Manual do Candidato, a Prova de Redação, a Prova Oral, as falas dos candidatos, textos de outras edições desse vestibular. Este procedimento funda-se no pressuposto de que é na relação entre essas diversas práticas discursivas que sujeitos e sentidos se constituem. Em nossas análises vimos que o modo como o acontecimento discursivo da inclusão indígena se materializa (na forma de uma lei estadual) instaura uma relação tensa entre o local (Paraná) e o nacional (Brasil), a unidade e a diversidade, cujos efeitos têm seus desdobramentos tanto pela mudança da nomeação do próprio processo Vestibular, quanto pela própria nomeação das línguas, instaurando-se, assim, modos de interpelação do indivíduo em sujeito e lugares de identificação para o sujeito-índio na relação com o Estado, com a escrita e com a oralidade. Na discursividade das redações, sujeitos e sentidos se constituem a partir de duas posições: uma indígena e outra ocidental. Na primeira posição, o conhecimento é significado como natural, social, coletivo em relação à memória de um passado, memória esta que é convocada pela metáfora da luta, sentido organizado pela presença de uma rede parafrástica que tem como eixo a relação conhecimento/arma. Essa memória do passado, que parece funcionar como o eterno, o fundante histórico do índio, atua na constituição desse sujeito-índio do presente. Na segunda posição, o conhecimento é significado, na relação com o presente, como algo que é da ordem do científico e institucional.  Finalmente concluímos que o acontecimento discursivo da inclusão vai se constituindo por práticas discursivas que se produzem na relação entre o presente e uma memória e instauram a possibilidade de construção de um lugar de identificação de entremeio para o sujeito-índio e um novo sentido para seus saberes na relação com o Estado e com a diversidade. 

 

Palavras-chave: Conhecimento; Práticas Discursivas de Inclusão; Processos de identificação.